Estava no mais comum dos sonhos quando, sem
cerimônia, fui chamado pelo despertador. Na janela, todos dormiam. Só havia eu
de pé, também dormindo.
Prosseguindo a série de não-novidades, o ônibus me
atrasou e tive que usar minha melhor desculpa.
O dia era de trabalho e eu fui fazer o trabalho do
dia. A parte de mim que não o queria ver ainda dormia e foi numa dessas que
sonhou.
Esse parafuso... como gira lento, talvez lhe falte
cálcio ou atividade física. Os braços? Alcançam longe, são fortes e não me
falham. A cabeça que já não anda essas coisas, talvez precise de um pouco de
graxa.
Antes do almoço, as filmadoras me viram fazer uma
coisa dessas que acho linda, mas não vejo ninguém usar. Você tinha que ver...
Só faltava falar. Um cochilo e não faltava mais.
- Que você faz da vida?- disse Ela.
- Faço você. Não tá bom?
Ela preferiu o silêncio, mas me olhou com uma
cara...
Puxei assunto perguntando o que Ela fazia.
-Nada importante-, respondeu envergonhada, -tem a
ver com calor e umidade.
Eu insisti: -você gosta do que faz?
A pobre disse que não sabia fazer outra coisa.
Tomado de pena, a trouxe pra perto e ensinei a
apertar parafusos.
Por Douglas de Farias
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