quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A polêmica das biografias

Há quem diga que os livros estão perto do fim, mas a recente polêmica em torno das biografias devolveu ao xodó da produção editorial o destaque de algumas décadas passadas.

De um lado, grandes artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, conhecidos pela luta contra a censura nos tempos da Ditadura, encabeçam um coletivo que pretende restringir as biografias apenas àquelas autorizadas pelo retratado. Segundo eles, deve-se zelar pela intimidade e pelo direito de alguns fatos da vida pessoal dos famosos não serem revelados.

Caetano Veloso e Gilberto Gil nos tempos da Ditadura

O grande caso conhecido sobre a censura prévia de biografias foi “Roberto Carlos em Detalhes”, escrito por Paulo César Araújo sem a autorização do cantor. Apesar de o texto não conter mentiras comprovadas, o Rei ganhou na justiça o direito de recolher a publicação das livrarias, baseado pelo Código Civil que obriga a autorização prévia de qualquer biografia. Para Chico Buarque, Roberto Carlos não teve o direito de preservar a sua vida pessoal, mesmo o livro sendo “uma homenagem de um fã”.

Djavan também entrou na discussão, introduzindo outro argumento utilizado pelos defensores do código:

“A liberdade de expressão, sob qualquer circunstância, precisa ser preservada. Ponto. No entanto, sobre tais biografias, do modo como é hoje, ela, a liberdade de expressão, corre o risco de acolher uma injustiça, à medida que privilegia o mercado em detrimento do indivíduo; editores e biógrafos ganham fortunas enquanto aos biografados resta o ônus do sofrimento e da indignação", afirmou o cantor, que, além disso, critica a demora da justiça caso um biografado necessitasse processar o autor por algum tipo de calúnia, defendendo a censura prévia.

Do outro lado, escritores e outros artistas defendem a liberdade de expressão sem a necessidade de autorização para a publicação de biografias. A contestação do grupo é que já está previsto na lei a punição caso sejam comprovadas mentiras escritas nesse tipo de livro. O cantor Fagner declarou:

“Sou contra o Procure Saber. Não se pode impedir que as pessoas escrevam. Temos que ter biografias dos artistas brasileiros, de personalidades. Se houver algo incompatível com a realidade, depois resolve na Justiça”. 


Fagner é um dos que defendem as biografias não autorizadas

Rebatendo a premissa de que os biógrafos pretendem ganhar dinheiro em cima dos entrevistados, Ruy Castro, conhecido por biografar grandes personalidades como Carmem Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, foi mais irônico e usou também o exemplo de Roberto Carlos:

"Eu perguntei se o biógrafo vai ter que pagar um dízimo ao biografado. Pagar esse dízimo vai garantir nossa liberdade? Eu posso pagar um dízimo ao Roberto Carlos e falar da perna mecânica?". 

A polêmica provavelmente perdurará pelos próximos meses, já que qualquer mudança na lei deve ser discutida em Brasília. Novos personagens aparecem defendendo seu ponto de vista, gerando uma contradição até histórica. Jair Bolsonaro, deputado federal defensor do Regime Militar, afirmou em entrevista à Revista Época (veja a entrevista aqui), que “Chico, Caetano e Gil estão defendendo minha tese" e igualando os artistas a defesa de alguns tipos de censura.

Muitos já se posicionaram contra o "Procure Saber", encabeçado pela ex-mulher de Caetano Veloso, Paula Lavigne, mas boa parte dos artistas defendem essa posição contrária. Se eles querem apenas evitar uma exposição desnecessária ou se realmente têm coisas sérias a esconder, provavelmente não descobriremos.

E você, acha que a liberdade de expressão deve ser mais importante que a intimidade do ser humano?

Por Raphael Saavedra

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Crônicas sobre o Mundo do Trabalho #3- Crônica do dia

Estava no mais comum dos sonhos quando, sem cerimônia, fui chamado pelo despertador. Na janela, todos dormiam. Só havia eu de pé, também dormindo.

Prosseguindo a série de não-novidades, o ônibus me atrasou e tive que usar minha melhor desculpa.
O dia era de trabalho e eu fui fazer o trabalho do dia. A parte de mim que não o queria ver ainda dormia e foi numa dessas que sonhou.

Esse parafuso... como gira lento, talvez lhe falte cálcio ou atividade física. Os braços? Alcançam longe, são fortes e não me falham. A cabeça que já não anda essas coisas, talvez precise de um pouco de graxa.

Antes do almoço, as filmadoras me viram fazer uma coisa dessas que acho linda, mas não vejo ninguém usar. Você tinha que ver... Só faltava falar. Um cochilo e não faltava mais.

- Que você faz da vida?- disse Ela.

- Faço você. Não tá bom?

Ela preferiu o silêncio, mas me olhou com uma cara...

Puxei assunto perguntando o que Ela fazia.

-Nada importante-, respondeu envergonhada, -tem a ver com calor e umidade.

Eu insisti: -você gosta do que faz?

A pobre disse que não sabia fazer outra coisa.

Tomado de pena, a trouxe pra perto e ensinei a apertar parafusos.



Por Douglas de Farias

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Crônicas sobre o Mundo do Trabalho #2 - O Rádio, a TV e o Chileno

Era só mais um bar com todo mundo reunido (ou era aniversário de alguém?). Papo vai papo vem, mais pessoas chegam, pop bubblegum é gritado aos berros por meninas embriagadas. “HIT ME BABY ONE MORE TIME!”. Desce mais cerveja. Por volta das 3 é sempre a mesma coisa, conversas paralelas, muitas delas, chega a ser difícil entender. O idioma varia entre um espanhol, adquirido por aulas da escola e mais umas 3 visitas a Buenos Aires, e um inglês, de cursinho e filmes sem legenda. São planos pro futuro, experiências psicodélicas e pura realidade cotidiana. Eis que o chileno cola do meu lado, resolve começar outro assunto paralelo e abandonar a verborragia à la ONU que rolava dois copos a frente.

“E você, Winnie Beanie, já decidiu sua habilitação?”.Que merda, esse papo chato de habilitação e eu querendo cantar aquela do N'Sync. Entenda uma coisa, eu e esses amigos fazemos todos Comunicação Social juntos, e essa conversa sobre habilitação já tava ficando insuportável quanto mais perto o fim do terceiro período chegava. Eu sempre tive tanta certeza basicamente em tudo, tanta certeza que minha mãe se orgulhava até no estúdio de tatuagem quando eu tinha 16 anos e burlava a lei pra entrar na agulha. “Essa aqui, diferente da outra (se referindo a minha irmã), sempre foi muito decidida, vai ser jornalista, vai estudar na UFRJ, por isso eu deixei fazer a tatuagem logo...”. Desculpa, mãe, acho que mudei de ideia. Eu já tava na faculdade há um ano e pouco, entrei estufando o peito e hasteando a bandeira “serei jornalista”, agora eu tava mais pra Julian Assange e pedindo pra outra pátria me acolher. Não sei como aconteceu mas comecei a pensar em outra habilitação, eu tentei não me deixar levar, mas essas coisas a gente não escolhe, eu estava envolvida com Rádio e TV. Portanto, quando chilenito fez aquela pergunta deu um aperto no coração.

“Ah, cê sabe né? Eu ainda não escolhi, mas andei pensando sobre... No final vamos todos morrer de fome mesmo!”, respondi. Essa era a minha estratégia dos últimos meses, eu declarei que estava dividida e que comunicaria quando decidisse. O que nunca parecia acontecer porque no final esse discurso era só pra evitar ter que pensar sobre isso. 

Esse meu amigo é o típico cara Rádio e TV, free love, cinéfilo, camisa xadrez e voz de quem não fica sóbrio há vários dias. É um cara muito gente boa, mas ele tem a insuportável mania de recrutar a galera que “tá em dúvida”. Acho que ele tá ganhando pra fazer isso, só pode!

Percebendo a minha fraqueza ainda persistente, ele começou. “Pô, eu acho que você tem tudo a ver com Rádio e TV. O curso vai ser muito mais dinâmico, Jornalismo é uma habilitação muito engessada, não tem espaço pra experimentação (pqp eu sabia que ele ia dizer isso!)... bla bla bla”. Ele engatava no ato dois do discurso e eu procurava algum lugar pra me distrair porque pela minha experiência ainda faltavam uns 3 capítulos e pelo menos 5 frases de efeito.

A uma certa altura do discurso veio algo novo, provavelmente uma nova ideia que ele teve algumas semanas atrás e resolveu testar pela primeira vez. “Pô, e eu tô percebendo que o mercado de trabalho em Rádio e TV tá muito melhor que em Jornalismo...”. Eu tive que voltar pro assunto. “Como assim, baseado em que isso?”, respondi. Ele começou a falar de como o curso era amplo e as áreas técnicas empregavam muito mais. Um papo que só me confundiu mais ainda. “Cara, todo o seu discurso tava super romantizado e artístico-inovador-criativo e multiplatafórmico, agora você vem com esse papo de técnico em funções de Rádio e Tv? Explica isso melhor.”. Pois é, até onde eu lembro a resposta não foi satisfatória e só me deixou mais confusa sobre o que ele queria com essa formação.

Desse papo torto de bêbado eu pude tirar duas conclusões sensatas. Olha que duas já é um milagre. Uma: Ninguém tem absolutamente ideia do que vai fazer quando acabar a faculdade. Sério. A maioria da galera não sabe o que de fato vai fazer, quais cargos estão disponíveis de acordo com a habilitação. E por que isso tudo? Porque comunicação é uma zona. Parabéns, você escolheu a carreira mais imprevisível no mercado atualmente. Você já devia ter percebido isso quando nem a sua faculdade funciona direito. Todas aquelas entrevistas que seu professor, que dava aquela matéria do primeiro período que você não sabe pra que servia mas tinha a ver com alguma coisa Brasileira (?), organizou já deveriam ter alertado. Corra, o mais rápido que puder, pro mais longe que conseguir. É furada. Em 80% dos empregos você vai ter uma vida de merda (adoro estatísticas infundadas). Tudo o que eu ouvi dos convidados que deveriam vir e trazer a luz do fim do túnel porque você tem sonhado com a sua avó batendo com uma frigideira na cabeça enquanto você pega seu diploma de Comunicador Social (eu não tô nem entrando na questão da habilitação), foi exatamente o contrário do que eu esperava, suplicava por ouvir. Discursos muito animadores. “Você não vai ter uma vida.”. “Você tem um namorado(a)? Se prepare pra terminar, você SÓ vai casar com alguém do ramo porque nenhum dos dois vai ter tempo ou vai falar de outra coisa”. “Você vai morrer de câncer porque vai começar a fumar e beber café 5 vezes mais.”. “Você vai pular de emprego em emprego.”. Adeus estabilidade, adeus pulmão.

A segunda conclusão me veio como uma solução pra evitar a depressão imediata causada pela primeira. Foi tudo muito rápido e eu não podia ter um aneurisma numa mesa de bar. Concluí que essas não são as respostas que importam até porque essa não é a pergunta certa. Foi só olhar ao redor e perceber que nem habilitação, nem emprego ideal eram a solução de nossos tempos. O comunicar era muito mais importante, era natural de cada um. Só o fato de estarmos ali importava. Dessas rodas já saíram tantas coisas... De empresas até curtas metragem. Ou mal ou bem já estávamos empregados. Éramos em torno de 10. Éramos atrizes, djs, artistas, fotógrafos, músicos, produtores, roteiristas, cineastas, blogueiros. Nenhuma dessas profissões consta no nosso diploma mas foi o que aprendemos a fazer com ele.

Por Wenny Milzfort

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Crônicas sobre o Mundo do Trabalho #1 - Essa é minha vida, esse é meu clube

Hoje está longe de ser um dia normal em minha vida. Após um ano inteiro de dedicação, fui aprovado no vestibular. Mais do que isso, escolhi minha profissão. Ainda me considero muito novo para essa escolha - tenho apenas 17 anos - mas hoje já não há mais tempo para pensar: as coisas estão cada vez mais rápidas. 

O sonho do meu pai era ter um filho médico. Já minha mãe esperava que eu me tornasse um grande engenheiro. Acho que hoje eu tornei uma grande decepção para minha família. Não serei nada disso que planejaram pra mim. Inscrevi-me na faculdade de comunicação social. Enfim, vou realizar o meu sonho. O de ser um grande jornalista.

Minha mãe passou alguns dias me dizendo que eu iria morrer de fome. Foi, no mínimo, engraçado ouvir isso da pessoa que te alimentou durante todos os anos. Para completar, meu pai deixou claro que não iria me sustentar pelo resto da vida. Foi o empurrão que faltava para eu arrumar um emprego e sair de casa. Agora quem mandava na minha vida era eu.

Antes eu tivesse ouvido meus pais. Estudei durante quatro anos para descobrir que só ganharia dois mil reais nos meus primeiros meses de trabalho. Quando fui chamado para uma reunião com meu chefe, pensei que finalmente ganharia uma promoção. Consegui ser promovido ao posto de desempregado. Contrataram um jornalista sem diploma para o meu lugar. Comecei realmente a pensar em fazer Engenharia.

Voltei para a casa dos meus pais e agora eu virei o jornalista do prédio: comento as fofocas dos vizinhos. Me matriculei no curso de mecânica e me tornei um blogueiro nas horas vagas. Minha vida não daria um bom livro, mas eu decidi contar a minha história. Quem sabe eu não tente novamente me tornar um comunicador? Hoje, apenas comunico a minha desgraça.

Essa é minha vida, esse é meu clube.

Por Raphael Saavedra

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Lista #1 - 5 Motivos para Fazer Comunicação Social

1 – Tiração de onda



Comunicação não dá dinheiro. Você já deve ter ouvido isso. O que não te contaram é que, só por fazer comunicação, você pode tirar onda, que é o motivo principal para se ter dinheiro. Eu explico. Um engenheiro ganha muito mais que um comunicólogo, certo? Mas o que ele vai fazer com esse dinheiro? Digamos que alguém que se forme em engenharia na faculdade comece ganhando 6 mil reais em seu primeiro emprego. Bom salário. Ótimo salário. Desses 6 mil, digamos que ele use 3000 para sobreviver, ou seja, comprar comida, pagar o aluguel e o condomínio daquele bom apartamento, luz, água, plano de saúde e etc. Os outros 3 mil reais, então, seriam gastos com a famigerada tiração de onda. Um carro bacana, aquele Nike Shox, um belo terno, ou melhor, dois belos ternos, ou, até mesmo, três belos ternos. Se você for uma mulher não é diferente. Cinquenta por cento do seu salário estaria destinado à tiração de onda. Aquela bolsa da Louis Vuitton, aquela coleção de sapatos. Mas e o profissional de Comunicação Social? Como fica a divisão salarial dele? Hoje em dia, dando sorte, o salário inicial em qualquer uma das áreas de Comunicação não passa dos 2500 reais. Meu Deus, você pode estar pensando. Como uma pessoa pode sobreviver assim? Com tranquilidade e estilo, eu diria. Lembra daqueles 3 mil reais que o engenheiro gastava só para sobreviver? Na vida de um comunicólogo, a definição de sobrevivência é outra. O fato é que boa parte do dinheiro gasto em sobrevivência também é ligado à tiração de onda. E isso você já tem! Você já é um jornalista/cineasta/publicitário/editor. Logo, você não precisa daquele bom apartamento. Você consegue tirar sua onda sem ele. Também não é necessário tanta luz e água. Você vai passar a maior parte do seu dia no trabalho. A maior parte do seu dia. Os outros 3 mil reais à serem gastos com tiração de onda também são eliminados, pois, como já dito, essa onda você já tira. Você não precisa daquele bom terno. Você precisa de uma camisa social e um sapato, porque você é um jornalista, e esse é o traje de um jornalista; ou você precisa de uma camisa xadrez meio usada e um tênis verde, porque você é um cineasta, e esse é o traje de um cineasta, e assim por diante, entende? Ou seja, tirar onda é necessário, mas é um baita dum passivo na sua conta bancária... Se você for um engenheiro!

2 – Mantenha em segredo sua identidade secreta



Dos jornalistas mais consagrados, talvez o maior deles seja Clark Kent. Isso mesmo, o Super Homem. Grande super-herói, aliás, grandíssimo super-herói. O maior deles, eu diria. Além de salvar o mundo no horário de folga – o que, aliás, quebra um dos mitos do jornalismo, o de que não existe horário de folga – Clark trabalhava como repórter no Planeta Diário. E qual era o disfarce dele? Como ele fazia para não ser reconhecido toda vez que aparecesse uma noticia do Super Homem explodindo um meteoro que vinha de encontro à Terra? Ele usava óculos. Exato. Clark Kent conseguia manter em segredo sua identidade secreta usando apenas óculos. O que isso te diz sobre jornalistas? Que eles são burros e não conseguem ligar os pontos para descobrir que seu colega de trabalho é o Super Herói mais famoso do mundo, só porque ele usa óculos? Não! Isso significa que, sendo um jornalista – e eu estenderia isso para as outras áreas de Comunicação, porque tá tudo ligado, sabe – você ganha o super-poder do disfarce. Logo, se você precisar esconder a sua identidade, ou porque você matou alguém, ou porque você já fez um filme chamado Opinião Pública, apenas uma dica: Comunicação Social. 

3 – Costeletas



Poucas pessoas entendem o que é estilo. A maioria delas não. Por causa disso, algumas grandes ideias da humanidade foram abolidas, simplesmente porque o público geral, o famoso povão, não estava preparado. Crocs, pochetes e as calças saruel são exemplos de que nem sempre a maioria tem razão. Hoje em dia, se uma pessoa quiser usar um desses três itens, ela será julgada como um nazista em Nuremberg depois de 44. Outra grande inovação da moda injustamente abolida foi a costeleta. Mas para os apreciadores do estilo Abraham Lincoln, existe uma salvação. E ela se chama Publicidade. Isso porque, além de trabalhar em agências, e não em escritórios, e poder tatuar o corpo inteiro sem medo de morrer de fome porque não consegue arrumar um emprego, os publicitários também podem cultivar uma boa costeleta. Podem não. Devem. É quase uma regra. Mas também nem precisaria ser. Pois como diria o filósofo, me mostre um homem que só não usa costeleta porque não seria bem visto pela sociedade, e eu te mostro um mentiroso.

4 – Você pode trabalhar com o que você gosta



Decidir com o que você quer trabalhar é uma tarefa difícil. Mais importante do que dinheiro, o que se costuma ponderar é sobre o que você gosta de fazer. É assim que são feitos os testes vocacionais, por exemplo. Algumas pessoas dão sorte e gostam de medicina, engenharia e outras coisas que dão dinheiro. Aí é que tá. Por mais que, por exemplo, você goste de números e comece a trabalhar com, sei lá, Engenharia Mecânica por causa disso, é muito improvável que números sejam realmente o seu maior interesse. Provavelmente, o cara que trabalha fazendo equação de segundo grau – que é isso que um engenheiro mecânico faz – o que ele realmente gosta de fazer é assistir futebol, jogar pingue-pongue, esse tipo de coisa. Por isso, Comunicação Social é o curso perfeito para qualquer pessoa, pois te permite trabalhar com, literalmente, o que você mais gosta. Quem gosta de futebol pode ser jornalista esportivo, quem gosta de filme de terror pode ser roteirista de filme de terror. Até quem gosta de filmes pornôs com animais têm seus espaço: você pode fazer sinopses para o Sexy Hot, por exemplo. Qualquer coisa. 

5 – Não exige talento nem esforço



Você não é especial. Quase ninguém no mundo é. Mas isso não é um problema: basta se esforçar muito para aprender algo que você se tornará uma pessoa útil para a sociedade. O problema é que você também não é esforçado. O que fazer então? Comunicação Social. Você não precisa de talento para dirigir um filme, por exemplo. É só mandar pessoas fazerem as coisas que precisam ser feitas. Afinal, você é o diretor. Nem para escrever uma matéria. É só colocar as informações no lugar certo, quem, quando, onde, por que, qualquer um pode fazer isso. E eu não vou nem falar aqui das campanhas publicitárias. É só você se lembrar de propagandas como a do Dolly Guaraná. Um ser humano recebeu muito dinheiro para fazer aquilo. Um ser humano. Muito dinheiro. Portanto, se você não é um gênio e mesmo assim não quer nada com nada, Comunicação Social é o que há. Você vai ganhar pouco, ok. Mas para alguém que não tem talento nem força de vontade, ganhar, só ganhar, já é alguma coisa.


Por João Carlos.